Conto Pokémon - Há sempre um lugar no cardume!

Neon
0


A celebridade da loja


Na região de Alola, nos arredores de Hano Grand Resort, uma oddish pequenina, simpática, era a mascote de uma loja de perfumes famosa, que só abria as portas de noite. Fosse em cima do balcão ou passando por entre as clientes enquanto as mesmas provavam os mais variados perfumes, ela estava sempre por ali, tornando o ambiente mais agradável.

Numa certa madrugada, entretanto, tudo isso se evaporou.

Caminhando de volta para o lar, Oddish e sua dona foram surpreendidas por um Mightyena, que queria um pedaço de carne que estava em uma sacola com a vendedora. O mesmo não perdeu tempo, cercou-as e avançou contra elas, a fim de tentar roubar a peça suculenta. Mas rapidamente a moça reagiu, deu ordens a oddish para que essa usasse “sleep powder”, o que fez o Pokémon adversário cambalear, e a treinadora não hesitou, encadeou um “tackle”!

Mightyena caiu desacordado... A vendedora e Oddish haviam feito um bom trabalho, e tudo parecia resolvido, porém, ao voltar-se para a Pokémon vencedora, a moça teve uma baita surpresa! Sua pequenina e delicada planta tinha mudado de forma, um ser meio babão, com um odor peculiar, para não dizer desagradável, se encontrava ali. Bem, era sua Pokémon, ela iria se acostumar com a novidade...


A roda gira


Na loja, as coisas não andavam bem. Olhares tortos, mãos tampando narizes, compunham o cenário por onde a agora Gloom, caminhava. As clientes então, mal chegavam ao balcão e já davam meia volta, apressadas para saírem.

─ Estella!

─ Pois não, gerente?

─ Você precisa fazer algo quanto a esse Pokémon... As vendedoras estão enjoadas, e os que entram para comprar, não ficam nem cinco minutos!

─ O que posso fazer? Não dá para deixa-la no alojamento, o odor fica ainda mais intenso... - A menina não tinha uma casa fixa, morava junto com outras vendedoras. Quando a loja se estabelecia em outro local, todas se mudavam, essa era a vida delas.

─ Te digo uma coisa, se livre dela hoje, ou terei de te demitir para me ver livre desse futum.

Estella, a dona de Gloom, depois de pensar em seu futuro, no que queria ser e fazer, pegou a Pokémon pelo braço e disse:

─ Vamos dar uma volta? Preciso entregar alguns perfumes encomendados.

Gloom assentiu, com aquele seu sorriso um tanto desajeitado... E ambas seguiram, rumo a área praiana da cidade.


Decisões e intenções


Estella já havia se decidido, precisava deixar Gloom. Estava ali, naquela muvuca, para tentar dá-la a alguém. Era sua Pokémon, sim, ela sabia, mas não poderia continuar com ela e trabalhando na loja ao mesmo tempo. Ambicionava uma carreira de sucesso. A escolha lhe doía um pouco.

Ela já tinha ido na barraca de flores, bijuterias, frutas... Em todo lugar que ia, tentava discretamente convencer o proprietário a adotar Gloom. Era em vão. Mal adentrava o recinto e caretas se formavam, não a queriam.

Por fim, Estella desistiu de procurar alguém para adotar sua Pokémon. De repente, soltou:

─ Gloom, o que acha de tomar um sorvete? Está tão quente! Espere aqui, vou comprar para nós.

Com seu sorriso bobo, Gloom assentiu com a cabeça... Esse sorvete nunca chegou.

A Pokémon esperou, esperou... Então, confusa, começou a caminhar a procura de sua dona. Em sua bondosa e ingênua mente, imaginava que Estella poderia estar em perigo, a preocupação lhe tomava.

Desnorteada, sem saber para onde ir, nem percebeu quando um farol alto iluminou em cheio seu rosto.

Fonfom! Um estridente som de buzina ressoou na noite erma!

─ Mas o que é isso?! Eu quase te atropelei! Um homem gordinho, que se esforçava por parecer bravo, havia descido de uma Kombi e agora ralhava com Gloom.

Com medo e evidente tristeza, a Pokémon se encolheu toda, como que tentando se proteger do mundo e de seus próprios sentimentos.

─ Ora, me desculpe. Não quis ser grosseiro, apenas te alertar para prestar mais atenção, ter mais cuidado. Não sei se você tem alguém, mas como te vejo só, acho melhor vir comigo, pelo menos até o dia amanhecer.


Quando os caminhos se encontram


Gloom acordou um pouco assustada, ela se lembrava que aquele rapaz do automóvel, a havia colocado no banco de seu carro, mas após isso, simplesmente apagou, desmaiou de cansaço. E agora se encontrava num lugar que desconhecia completamente. Ela esfregou os olhos e foi para fora, seu estômago roncava...

─ Ah, você já acordou?! Eu ia te esperar para comermos alguma coisa, mas não me contive, precisei vir aqui, assistir esse nascer do sol.

Ele estava com os pés descalços, na areia macia da praia, saudando a esfera de luz no céu.

─ Meu nome é John, vou te servir algo gostoso e depois procuramos por seu treinador.

Gloom então caminhou silenciosa em sua direção, pegou um graveto e começou a desenhar naquele chão bege.

Uma mulher se distanciando de seu Pokémon, foi o que surgiu ali, naqueles rabiscos.

─ Compreendo... Ela então Te deixou. Não vamos mais falar nisso. Você por acaso quer ficar aqui comigo? Eu preciso de uma ajudante.

Naquele momento, a expressão da Pokémon se tornou pura alegria! Ninguém precisava dizer mais nada.

John trabalhava em uma peixaria, acostumado com cheiros fortes, ele nunca percebia o odor desagradável que Gloom exalava.


Um colar e uma nova vida


A peixaria de John, além dos peixes fresquinhos, tinha outro atrativo, na verdade, agora dois. O rapaz cantava. E cantava bem, numa voz limpa e alta, durante grande parte de seu expediente no trabalho. Somou-se a isso a presença de um Pokémon ali naquele espaço, Gloom, que justamente por estar em meio a fortes odores, passava desapercebida nesse aspecto. E ela era tão simpática e solicita, que logo começou a receber elogios e até alguns mimos.

Entretanto, peixes não são artigo de luxo e não bastasse as contas costumeiras que as pessoas precisam pagar, John ainda arcava com o aluguel da residência que vivia e também da peixaria. As coisas iam aos trancos e barrancos financeiramente, porém, tentava não perder a fé. E principalmente, tentava não deixar que Gloom percebesse suas preocupações.

O que eles não sabiam, é que a roda iria girar novamente...

Certo dia, ao lançar a rede ao mar a fim de coletarem os frutos, eis que uma pedra alaranjada surgiu em meio aos peixes, na rede. Gloom ficou estática, com os olhos brilhando para aquela rocha incomum.

Percebendo aquela curiosa atitude por parte da Pokémon, John tirou a corrente de seu pescoço e disse:

─ É uma linda pedra, Gloom! Acredito que vai ficar ainda mais em você! Vamos experimentar?

Mal deu tempo do objeto assentar em sua pele e Gloom foi tomada por uma intensa luz! John ficou bastante preocupado, pois pensou que pudesse ter feito algo de errado, que aquela pedra poderia ser perigosa, etc. Mas não. Se tratava de uma pedra do Sol, e aquela situação significava uma coisa: A Pokémon estava evoluindo.

Que linda florzinha! John se lembraria sempre, que foi esse o seu primeiro pensamento ao ver aquela nova forma em sua frente... Agora sua companheira de trabalho, sua amiga, era uma Bellosom.


Pura magia


Boa noite, pessoal! Apresentando para vocês as novidades alimentícias mais quentes de Alola, nós, do programa “Sabor e aventura”, estamos cobrindo no momento um evento imperdível! A bordo do navio de cruzeiro, Ioreleiihula, um campeonato nacional de karaokê, com direito a pratos magníficos de espécimes marítimas e números de dança incansáveis, se realiza. Esse é o segundo do tipo, e os responsáveis por essa grande empreitada, garantem, muitos mais ainda virão!

O Sol que transformou Gloom em Bellosom, transformou também, a partir dali, a vida de John. Não tardou para que aquela linda Pokémon despertasse a atenção de todos da cidade. Seu odor desagradável sumiu completamente, aliás, foi substituído por um perfume maravilhoso! E ela dançava, dançava, ao som da voz de John, claro. A peixaria se tornou um local agradabilíssimo, aromático e animado! Vendia-se como nunca...

A fama foi se fazendo, crescendo, e logo os parceiros estavam aumentado os negócios, subindo degraus cada vez mais altos! Seus sonhos se concretizaram em pleno quando organizaram um cruzeiro com direito a muita comida e todo tipo de arte envolvida; o sucesso foi estrondoso...

─ Bem, o que posso dizer? – Refletia John em frente às câmeras - Eu adotei um Pokémon ou fui adotado por um? Acho que ambas as alternativas estão corretas. Nós cuidamos um do outro, ajudamos um ao outro, não sou um treinador para ela, nem sequer um dono, somos amigos! Estou muito feliz com tudo o que conseguimos juntos, e tenho certeza, a nossa história ainda terá capítulos impressionantes!



Postar um comentário

0Comentários
Postar um comentário (0)